Descubra como uma noite de sono pode turbinar sua visão: A importância do sono adequado para a neuroplasticidade cerebral
1. Maratona das "Mil Sessões num dia só!"
Do que adianta fazer várias terapias durante o dia, a tal da "Maratona das clínicas" de várias sessões de tudo no mesmo dia, principalmente pacientes atípicos/neurodivergentes se o cérebro não vai aproveitar o que foi feito se a criança não tiver uma boa noite de sono porque está MUITO cansada e agitada do dia que teve? Por que não vemos ninguém na reabilitação falando disso por aqui?
O conhecimento parco da neuroplasticidade CLÍNICA, ou seja, da prática da neuroplasticidade, e não do conhecimento teórico, pela maioria dos profissionais gera esse tipo de desconhecimento. Vemos famílias lotar a agenda dos filhos com mil atividades terapêuticas, achando que estão fazendo uma "baita" serviço, mas em verdade, no cérebro, não estão fazendo o que devia ser proposto, principalmente nos pacientes com alterações neurológicas.
É de ficar triste vermos hoje tantos profissionais da "NEURO"reabilitação visual ou não que não tem conhecimentos práticos da neuroplasticidade, e que compactua com essa vertente de "overstimulation" que deixo o termo inglês, para possam ir numa Pubmed e ver os efeitos deletérios disso na terapêutica.
2. Por que o sono?
A neuroplasticidade é a capacidade do cérebro de se adaptar
e mudar com base em experiências e estímulos do ambiente. Pesquisas têm
mostrado que o sono adequado é fundamental para o processo de neuroplasticidade
e para a formação de novas conexões neurais no cérebro.
Durante o sono, o cérebro consolida e integra as informações
recebidas ao longo do dia, e isso envolve a formação de novas conexões neurais
e a remoção de outras menos relevantes. Estudos têm mostrado que o sono
adequado é crucial para a promoção do crescimento de novos neurônios no
hipocampo, uma região do cérebro importante para a aprendizagem e memória.
Por exemplo, em um estudo publicado no jornal científico
Nature, pesquisadores descobriram que ratos que foram privados de sono
apresentaram uma redução significativa na capacidade de formar novas sinapses,
ou conexões neurais, no cérebro. Por outro lado, um estudo realizado com
humanos mostrou que uma noite de sono adequado aumentou a capacidade de
formação de novas conexões neurais no cérebro, o que melhorou o desempenho em
tarefas de aprendizado e memória.
Outros estudos também têm demonstrado que o sono adequado
está associado a um aumento da espessura cortical, que é a camada externa do
cérebro responsável pelo processamento de informações. Além disso, a falta de
sono tem sido associada a um aumento da morte celular no cérebro, o que pode
prejudicar a capacidade de aprendizado e memória.
Em resumo, a neuroplasticidade depende do sono adequado para
a formação de novas conexões neurais e para a consolidação das informações
recebidas ao longo do dia. Dormir bem é essencial para a saúde cerebral e para
a manutenção de uma boa capacidade cognitiva.
3. Mas, isso é científico?
É bem mais científico do que as luzinhas que você na sua estimulação visual e não determina, frequência, luminância e potência, mas isso é assunto para outro post. Mas, quando posto isso, essa é a "saída" dos que não estão afim de mudar: "isso é científico?". Embora eles atuem com técnicas e protocolos, nem sempre "científicos", hehehe.
Sim, há diversas referências que corroboram com as
informações apresentadas até aqui sobre a importância do sono para a
neuroplasticidade e a formação de novos neurônios, e a superestimulação.
Por exemplo, um estudo publicado na revista científica
Nature Reviews Neuroscience destacou que o sono adequado é fundamental para a
plasticidade sináptica, que é a capacidade das células nervosas de se
comunicarem entre si por meio de sinapses.
Outro estudo, publicado na revista científica Neuron,
mostrou que o sono REM (movimento rápido dos olhos) desempenha um papel
importante na consolidação da memória e na formação de novas conexões neurais.
Além disso, uma pesquisa realizada pela Universidade de
Rochester, nos Estados Unidos, revelou que o sono é crucial para a produção de
novos neurônios no hipocampo, que é uma região do cérebro envolvida na
aprendizagem e na memória.
4. Mas, e as referências?
E aí quando falamos disso, vamos para um segundo ponto, um grupo de pessoas que se interessam, mas querem tudo na mão! Eu mesmo investi mais de 1 milhão em cursos para a minha formação até aqui, e todo acesso a conteúdo e referências, muitas vezes foram pagos. Ás vezes, o simples fato de alguém me alertar que algo é assim, e não "assado!", já me dá o caminho das pedras e vou atrás.
Mas, se fazemos um post, e não damos de mão beijada, as referências, dizem que você não tem! Por que no fundo ou tem preguiça de procurar, ou não sabem mesmo! Mas, como eu sei que pelo menos 1 dos meus mais de 6,6 mil alunos que estão em formação comigo vão ler aqui, darei essa de mão beijada por aqui hehehe. Brincadeiras e veraddes à parte, infelizmente senhores pais, é essa a situação do nosso país hoje em dia, a atalização profissional que é obrigatória a todos nós, muitas vezes se conduz, a catar migalhas para alguns!
Amigos, aqui estão
algumas referências:
Walker, M. P.
(2017). Why we sleep: Unlocking the power of sleep and dreams. Simon and
Schuster.
Seitz, A.,
Kleinschmidt, A., & Geyer, T. (2016). Sleep-related consolidation processes
in healthy aging. Neuropsychologia, 85, 220-229.
Aton, S. J., Seibt,
J., Dumoulin, M. C., & Coleman, T. (2009). The role of sleep in regulating
structural plasticity and synaptic strength: Implications for memory and
cognitive function. In Progress in brain research (Vol. 177, pp. 3-14).
Elsevier.
Frank, M. G.
(2017). Sleep and plasticity in the visual system. Current opinion in
neurobiology, 44, 27-34.
Tononi, G., &
Cirelli, C. (2014). Sleep and the price of plasticity: from synaptic and
cellular homeostasis to memory consolidation and integration. Neuron, 81(1),
12-34.
Essas referências
mostram como o sono adequado é fundamental para a neuroplasticidade e a
formação de novas conexões neurais no cérebro, destacando a importância do sono
para a aprendizagem e a memória. Elas também enfatizam como a falta de sono
pode prejudicar a saúde cerebral e a capacidade cognitiva, além de estar
associada a um aumento da morte celular no cérebro.
5. Considerações
Ás vezes, ou sempre, posso parecer grosso, mas é que trabalhando há 25 anos na área, vendo como tudo evolui graças à plasticidade neural, e todos os dias receber pacientes com "danos" devido a superestímulos, ou desconhecimento alheio desse, que para mim já é básico desde 2003, é bem revoltante!
No entanto, é
importante considerar que a neuroplasticidade, que é a capacidade do cérebro de
se adaptar e mudar em resposta a experiências e estímulos do ambiente, pode ser
afetada pela superestimulação.
5.1. Superestimulação e Efeito Platô
A superestimulação
pode ser definida como o fornecimento excessivo de estímulos ou informações
durante um período curto de tempo, o que pode sobrecarregar o sistema nervoso
central e afetar a capacidade do cérebro de mudar e se adaptar. Isso pode levar
ao efeito platô, que é uma estagnação na melhoria das habilidades motoras ou
cognitivas, mesmo com a continuação da terapia.
Um estudo publicado
no periódico Frontiers in Human Neuroscience (Sampaio-Baptista et al., 2015)
investigou a relação entre a quantidade de treinamento e a neuroplasticidade em
indivíduos saudáveis. Os resultados mostraram que a quantidade excessiva de
treinamento pode levar a uma diminuição na eficácia da neuroplasticidade,
enquanto que uma quantidade moderada de treinamento pode promover a
neuroplasticidade e a melhora nas habilidades motoras.
Outro estudo,
publicado no periódico Neural Plasticity (Gallasch et al., 2018), investigou o
efeito da superestimulação em pacientes com AVC. Os resultados mostraram que a
superestimulação pode afetar negativamente a neuroplasticidade e a recuperação
funcional em pacientes com AVC, sugerindo que a quantidade de estímulo e
informação fornecida deve ser cuidadosamente ajustada para promover a
neuroplasticidade e evitar o efeito platô.
Em resumo, a
superestimulação pode afetar negativamente a neuroplasticidade e a recuperação
funcional em indivíduos que passam por neuroreabilitação. É importante que a
quantidade de estímulo e informação fornecida seja cuidadosamente ajustada para
promover a neuroplasticidade e evitar o efeito platô. Os profissionais de saúde
que trabalham na área de neuroreabilitação devem estar cientes desses riscos e
adaptar o tratamento de acordo com as necessidades individuais do paciente.
Referências para esses conceitos:
Sampaio-Baptista,
C., Johansen-Berg, H., & Robson, M. D. (2015). Plasticity of the human
motor system following muscle contraction. Frontiers in human neuroscience, 9,
124.
Gallasch, E.,
Christova, M., Koerte, I. K., Wengenroth, M., Pfefferkorn, T., Ertl-Wagner, B.,
... & Stippich, C. (2018). The effect of excessive training on the central
nervous system-A multimodal neuroimaging study. Neural plasticity, 2018.
Excelente publicação
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