Vamos pensar na influência dos captores podal e visual e a correção do sistema
sensorial proprioceptiva por eles representado, resgatar o controle postural,
com estímulos mantidos em tempo hábil e promover mudanças no sistema sensorial
e esquema corporal, isso é a função da RVP – Reeducação Visuo-Postural.
1. Dados que nos chamam atenção
Os dados sobre os acidentes de
queda na senilidade são alarmantes no Brasil, com uma média de cerca de 40%.
Isso indica a necessidade urgente de se aprimorar a prevenção de quedas em
idosos. No entanto, muitas vezes, quando se fala sobre prevenção para a
senescência e senilidade, apenas a fisioterapia é levada em consideração,
deixando de lado a importância da visão.
A verdade é que a visão é um
fator crítico para prevenir quedas em idosos, já que é responsável por fornecer
informações ao cérebro sobre o ambiente ao redor, permitindo que o corpo ajuste
sua postura e equilíbrio de acordo. Por isso, é essencial que a saúde ocular
seja levada em conta em programas de prevenção de quedas.
2. A visão e as quedas de idosos
Partindo-se do princípio que
80% das nossas percepções são visuais, acreditamos que a visão desempenha um
papel muito importante no equilíbrio. Quando o assunto é equilíbrio, para os
leigos, só pensam em sistema vestibular, ou o referido labirinto. Claro que
este, pelo que vejo, também desempenha um papel importante juntamente com os
proprioceptores, que garantem a percepção cinestésica, que por sua vez, é a
percepção de posicionamento que o corpo tem no espaço.
A boa notícia é que existem
diversas terapias visuais que podem ajudar a melhorar a percepção visual, a
coordenação motora e a postura corporal em idosos. Por exemplo, a terapia
visual neurosensorial é uma abordagem que utiliza exercícios visuais
específicos para treinar o sistema visual e melhorar a percepção de
profundidade, a coordenação entre olhos e a capacidade de foco. Além disso,
outras técnicas, como o treinamento de equilíbrio e o fortalecimento muscular,
também podem ser aplicadas em conjunto com as terapias visuais para prevenir
quedas em idosos.
3. Como funciona esses sistemas integrados?
Com
tudo, todos esses sistemas somatizados, tratam se do sistema sensorial, que são
visual; vestibular e proprioceptivos. O captor podal e visual são destacados,
mas todos os receptores agem conjugados, formando assim um Sistema Tônico
Postural (STP), onde este é classificado como multimodal, porque possui mais de
uma entrada aferente sensorial. Numerosos são os índices percentuais da
população com alterações em um desses captores. O STP é composto do tripé:
captores (olhos e pés) associados à endo e exterocepção; centro de
processamento central (FPPRs e FPPRe, colículos, núcleos da base, cerebelo
tálamo, corpo caloso, comissuras, diencéfalo e córtex sensorial e motor); os
efetores deste sistema que regula a tonicidade das fibras estabilizadoras dos
músculos anti-gravitacionais.
4. O envelhecimento do sistema
As
alterações fisiológicas (senescência) podem prejudicar a função dos centros
reguladores da postura anti-gravitacional, com consequentes falhas no ajuste
postural compensatório e antecipatório (feedback/feedforward). Embora
habitualmente a maioria das células do Sistema Nervoso Central (SNC) tendem a
diminuir, curiosamente a neuroglia (célula da glia essencial para a
neuroplasticidade) e as novas sinapses (sinaptogênese) nascem no cérebro
adulto- brotamento neuronal.
O sistema visual nos distúrbios de refração (miopia, astigmatismo e hipermetropia) – propriocepção sensorial vindas da retina e proprioceptiva motora relacionadas a distúrbios de convergência e heteroforias são as informações mais importantes na posturologia. Com essa base podemos concluir que erros de refração e distúrbios de convergência podem afetar o STP.
5. Via oculocefalogíria
Há
um importante ponto a nos atentar, com base na via oculocefalogíria, que são o
conjunto de músculos da cabeça, pescoço e ombros, aos dos olhos e vice-versa.
Declaradamente, o equilíbrio na senilidade só é possível se o nível muscular
estiverem em plenitude. E, principalmente, os músculos oculares, que
desempenham um papel importante para que o idoso situe se no espaço.
A via oculocefalogíria é
responsável por coordenar o movimento dos olhos com o movimento da cabeça,
pescoço e ombros. Essa via é composta pelos músculos extraoculares,
responsáveis pelo movimento dos olhos, e pelos músculos da cabeça, pescoço e
ombros, responsáveis pelo movimento do corpo.
Quando os olhos se movem, essa
via é ativada para coordenar o movimento dos músculos extraoculares com o
movimento da cabeça, pescoço e ombros, garantindo que o campo visual seja
mantido estável e nítido. Por exemplo, quando olhamos para o lado, a via oculocefalogíria
é ativada para girar os olhos na mesma direção da cabeça, evitando que a imagem
fique borrada.
A importância dessa via é
evidenciada em casos de lesão ou disfunção em um ou mais dos músculos
envolvidos. Isso pode levar a uma descoordenação entre o movimento dos olhos e
o movimento da cabeça, resultando em visão dupla, desorientação espacial e
dificuldades em tarefas cotidianas, como caminhar ou dirigir.
Portanto, é essencial que essa
via esteja funcionando corretamente para uma visão saudável e coordenada.
5. 1. Mas quem comanda esses músculos? Os neurônios?
Portanto,
se a neuroglia parece aumentar em alguns núcleos, logo teremos um controle do
equilíbrio postural e uma prevenção das quedas. E, se sabemos que através de
técnicas terapêuticas é possível estabelecer um avanço no sistema sensorial,
logo teremos uma melhora na neuroplasticidade. Acredito que, assim como a
reabilitação neuro-ortopédica é cogitada para compor o arsenal terapêutico, a
neurorreabilitação visual, ou melhor, a RVP poderá alcançar melhores resultados
para o público senil.
6. Conclusão
Em suma, é essencial que a saúde ocular seja incluída nos programas de prevenção de quedas em idosos, já que a visão é um fator crítico para manter a postura e o equilíbrio. A terapia visual neurosensorial e outras técnicas de treinamento podem ser muito úteis nesse sentido, melhorando a coordenação motora e a percepção visual dos idosos.
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