A Enxaqueca
A doença afeta cerca de 3 a 10% das crianças, com ambos os gêneros igualmente
afetados antes da adolescência, mas com maior incidência no sexo feminino após
essa fase. A enxaqueca pode ser com ou sem aura, sendo que a maioria dos
pacientes (64%) apresenta enxaqueca sem aura, 18% com aura e 13% com e sem
aura. Apenas 5% dos casos apresentam aura sem cefaleia.
Enxaqueca Crônica
A enxaqueca crônica é um tipo de cefaleia que se caracteriza por cefaleia em 15 ou mais dias do mês, sendo oito dias com crises normais de enxaqueca, por mais de três meses, na ausência de abuso de medicamentos (Headache Classification Committee of the International Headache Society, 2018). As causas reais da enxaqueca ainda não são totalmente compreendidas, mas sabe-se que ela está relacionada com alterações do cérebro e possui influência genética (Goadsby et al., 2017).
A enxaqueca inicia quando as
células nervosas, já em estado de hiperexcitabilidade, reagem a algum estímulo
externo, enviando impulsos nervosos para os vasos sanguíneos, causando sua
constrição (relacionado à aura) seguida de uma dilatação (expansão) e a
libertação de prostaglandinas, serotonina e outras substâncias inflamatórias
que causam a dor (Goadsby et al., 2017).
O padrão de crise é sempre o
mesmo para cada paciente, variando apenas de intensidade. O tempo entre crises
é variável e pode ser influenciado por fatores como estresse, privação de sono,
alterações hormonais e alimentação (Lipton et al., 2019). É importante lembrar
que a enxaqueca é uma doença crônica que exige tratamento adequado e
acompanhamento médico para prevenção e alívio das crises.
Enxaqueca Oftálmica
A enxaqueca oftálmica ou
enxaqueca retiniana é uma forma rara de enxaqueca que afeta a visão e outros
sentidos, como a audição. A condição é caracterizada por sintomas visuais
transitórios, como pontos cegos, luzes piscando, visão turva ou perda de visão
parcial, que ocorrem antes ou durante a dor de cabeça. Além disso, o paciente
pode apresentar sintomas como enjoo, fonofobia, sonolência e mal estar.
De acordo com um estudo publicado
na revista Cephalalgia, a enxaqueca oftálmica é mais comum em mulheres e pode
ser desencadeada por diversos fatores, como estresse, falta de sono, alterações
hormonais e consumo de certos alimentos. É importante ressaltar que a enxaqueca
oftálmica pode ser confundida com outras condições oftalmológicas, como
descolamento de retina e glaucoma, por isso é essencial que o paciente procure
um neurologista para o diagnóstico e tratamento adequados.
O termo enxaqueca oftálmica é utilizado para descrever um distúrbio neurológico rápido e intermitente de circulação cerebral que antecede as crises de dor de cabeça. Diversos fatores podem desencadear uma crise de enxaqueca, como o período menstrual, jejum prolongado, o uso de anticoncepcionais, alterações no sono, estresse, consumo de frituras, café, chocolate, álcool e problemas na coluna cervical e distúrbios da ATM. Como a enxaqueca oftálmica afeta a visão em primeiro lugar, os pacientes geralmente procuram optometristas e oftalmologistas para diagnóstico. Após exames e anamnese, se forem descartadas possibilidades de problemas de visão e no globo ocular, os pacientes são encaminhados para o neurologista.
O diagnóstico da enxaqueca oftálmica é comumente feito pelo
oftalmologista, pois os pacientes costumam apresentar percepção de luzes em
formato de zig-zag, perda de metade do campo visual, dor de cabeça unilateral,
estado nauseoso e fotofobia simultaneamente. Em alguns casos, a pálpebra
superior de um dos olhos (do mesmo lado da dor) pode cair parcialmente, durante
a crise de dor, fenômeno chamado de ptose palpebral, que ocorre apenas durante
a crise.
Os sintomas visuais que antecedem a crise de enxaqueca devem servir como
alerta para que o indivíduo procure o diagnóstico adequado e o tratamento
correto. A enxaqueca oftálmica é uma doença complexa que requer estudo
integrado de vários especialistas, incluindo optometristas, neurologistas,
oftalmologistas, psicólogos e clínicos. Existem até clínicas e hospitais
dedicados exclusivamente ao tratamento da dor de cabeça.
Astenopias
A dor de cabeça associada a erros
de refração, como hipermetropia, miopia e astigmatismo, é comumente observada
após um período de esforço visual prolongado, como trabalhar em frente a um
computador ou assistir televisão por um período prolongado. Essas dores de
cabeça são conhecidas como astenopia e geralmente aparecem ao final do dia, após
as atividades visuais. Os sintomas costumam desaparecer com a correção dos
erros refrativos por meio do uso de óculos ou lentes de contato.
Cefaleias de Origem Visual, Mapa Mental do Workshop sobre esse tema vendido no Rhein Institute |
Para complementar o tema abordado, é importante mencionar que algumas
patologias oftalmológicas podem desencadear cefaleia, como o estrabismo,
insuficiência de convergência, uveítes e glaucoma (Nacimento,2007 e
Martins, 2019).
Além disso, é válido ressaltar que algumas medidas podem ajudar a
prevenir a cefaleia relacionada ao esforço visual, como:
- Fazer pausas frequentes durante o uso de dispositivos eletrônicos para descansar os olhos e evitar o cansaço visual;
- Realizar exercícios de alongamento dos músculos oculares, a fim de reduzir a fadiga ocular;
- Manter uma boa postura durante a leitura e utilização de telas, evitando movimentos bruscos e desnecessários.
- É importante lembrar que essas medidas são apenas complementares e que a avaliação médica é fundamental para o diagnóstico e tratamento adequados da cefaleia relacionada ao esforço visual.
Referências
Aurora SK, Dodick DW, Turkel CC, et al. OnabotulinumtoxinA for treatment
of chronic migraine: results from the double-blind, randomized,
placebo-controlled phase of the PREEMPT 1 trial. Cephalalgia. 2010
Jul;30(7):793-803.
Headache Classification Committee
of the International Headache Society. (2018). The international classification
of headache disorders, 3rd edition. Cephalalgia, 38(1), 1-211.
Headache Classification Committee of the International Headache Society
(IHS). The International Classification of Headache Disorders, 3rd edition
(beta version). Cephalalgia. 2013 Jul;33(9):629-808.
Goadsby, P. J., Holland, P. R.,
Martins-Oliveira, M., Hoffmann, J., Schankin, C., & Akerman, S. (2017).
Pathophysiology of migraine: a disorder of sensory processing. Physiological
Reviews, 97(2), 553-622.
Garg, R. K., & Shukla, R.
(2018). Ophthalmic migraine: a narrative review. Cephalalgia, 38(10),
1853-1861. doi: 10.1177/0333102417751639
Lipton, R. B., Dodick, D. W.,
Silberstein, S. D., & Saper, J. R. (2019). Chronic migraine: a
developmental perspective. The Lancet Neurology, 18(9), 912-920.
Martins AGF, Castellano AMF. Cefaleia e seus aspectos oftalmológicos.
Rev Bras Oftalmol. 2019;78(4):246-253. doi:10.5935/0034-7280.20190036
Nascimento MA, de Oliveira Silva CF, Moraes Filho MDC. Manifestações oculares na enxaqueca. Arq Bras Oftalmol. 2007;70(6):1015-1019. doi:10.1590/S0004-27492007000600023
muito esclaredora essa explicaçao,nos ajuda em muito no gabinete optometrico,Parabens!!
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