1. O que é Ambliopia?
O "olho
preguiçoso", é uma condição visual que afeta cerca de 3% da população. É
caracterizada pela redução da acuidade visual em um ou ambos os olhos, mesmo
com a correção óptica adequada. A ambliopia é mais comum em crianças e pode
resultar em problemas visuais graves se não for tratada precocemente.
A ambliopia, também
conhecida como "olho preguiçoso", é uma condição ocular que afeta a
visão em um ou ambos os olhos devido a uma falta de desenvolvimento visual
adequado durante a infância.
2. A neurologia e a Ambliopia
A neurologia tem
desempenhado um papel fundamental na compreensão dos mecanismos subjacentes à
ambliopia, incluindo a plasticidade cerebral e os processos de reabilitação
visual. Neste post, discutiremos a relação entre a neurologia e a ambliopia,
destacando os avanços recentes na compreensão dessa condição e seu tratamento.
A neurologia desempenha
um papel crucial na compreensão da ambliopia. A condição ocorre devido a uma
interrupção no desenvolvimento visual durante a infância. O cérebro recebe
informações visuais diferentes dos dois olhos, o que causa um desequilíbrio na
entrada de informações visuais e, por sua vez, leva à supressão do olho
afetado. Eu sempre digo, ambliopia é cérebro! E porque a reabilitação seria
olho?
A ambliopia é uma condição ocular que ocorre quando um olho tem uma visão mais fraca do que o outro, levando ao desenvolvimento inadequado das vias visuais no cérebro.
Resulta de várias
causas, incluindo estrabismo (desalinhamento dos olhos), anisometropia
(diferença significativa na prescrição de óculos entre os olhos) e catarata
congênita (opacidade do cristalino presente no nascimento).
2.1. Estudos nos últimos 20 anos
A compreensão dos mecanismos neurais subjacentes à ambliopia tem avançado significativamente nos últimos anos. Estudos neurofisiológicos têm mostrado que a ambliopia resulta em alterações na organização e funcionamento das áreas visuais do cérebro, particularmente no córtex visual primário, que é a primeira região do cérebro a receber informações visuais dos olhos. A supressão do olho afetado pelo cérebro e a redução da plasticidade neural são características importantes da ambliopia.
A supressão é o
processo pelo qual o cérebro "desliga" a entrada visual do olho
afetado para evitar informações conflitantes e confusão visual. Uma definição
que gosto é a de Von Noorden:
“Reflexo inibitório que
permite o cérebro ignorar as informações oriundas do olho amblíope”
Esse processo pode
levar a uma perda permanente da visão no olho afetado se não for tratado
precocemente. E precisamos levar em conta os déficits bioquímicos nas nossas neurorreabilitações.
A neurologia tem sido fundamental no desenvolvimento de novos tratamentos para a ambliopia. O tratamento mais comum é o uso de oclusão do olho, no qual o olho mais forte é
coberto com um adesivo por algumas horas todos os dias. Isso força o cérebro a usar o olho afetado e, com o tempo, pode ajudar a restaurar a visão no olho preguiçoso.
A ambliopia pode ser qualitativa, e existem diferentes tipos de
ambliopia – mais de 60, e há níveis de gravidade da ambliopia, e níveis
diferentes de supressão e perda binocular.
2. 2. Neuroimagem e Ambliopia
Através
da análise do mapa de FMRI (Ressonância Magnética Funcional da Imagem), foi
possível observar a concentração da substância desoxihemoglobina, nível de
oxigenação do sangue, associados com atividade cerebral, com base nestes dados
é possível observar que o olho fixador tem maior concentração de
desoxihemoglobina e o olho amblíope mostra de fato uma redução da atividade
neural, sendo assim, uma menor concentração desta substância.
2.3. Neuroplasticidade e Ambliopia
A plasticidade
cerebral, que é a capacidade do cérebro de se reorganizar e remodelar em
resposta a mudanças no ambiente ou lesões, desempenha um papel fundamental na
ambliopia. Estudos têm demonstrado que a plasticidade cerebral pode ser
aproveitada para melhorar a visão em olhos ambliopes por meio de intervenções
visuais específicas, como oclusão do olho dominante (tampar o olho bom) ou
treinamento visual em qualquer idade.
Outro avanço importante
na compreensão da neurologia da ambliopia é a evidência crescente de que a
ambliopia não é apenas uma condição visual, e sim cerebral e sistêmica, mas
também envolve déficits em outras funções sensoriais e cognitivas.
Por exemplo, estudos
têm mostrado que crianças com ambliopia podem ter dificuldades em tarefas que
envolvem a percepção de profundidade, o processamento de informações visuais
complexas e a integração multissensorial.
Essas descobertas
sugerem que a ambliopia pode ter efeitos mais abrangentes no desenvolvimento do
cérebro além das áreas visuais primárias. Os avanços na neurologia têm levado a
novas abordagens no tratamento da ambliopia. Além da oclusão, temos diversas
técnicas de neurorreabilitação visual, técnicas gameficadas, técnicas de
eficácia sináptica e neurobioquímica e neuronutrição.
2.4. Neurorreabilitação Visual da Ambliopia
A terapia visual, não
envolve SÓ exercícios para melhorar a coordenação entre os olhos, mas sim deve
treinar o cérebro a usar os dois olhos de maneira mais eficaz, e equilibrar o
sistema, principalmente o visuopostural que é bastante alterado.
Os avanços recentes na neurociência também estão ajudando a entender melhor a ambliopia e a desenvolver novas formas de tratamento. Estudos têm mostrado que o cérebro é mais plástico do que se pensava anteriormente e que é possível treinar o cérebro a usar o olho afetado mesmo em adultos.
2.5. Conclusão
É essencial que se olhe
mais para isso e IMPORTANTE lembrar que existem diversos TIPOS de ambliopia, e
para cada tipo, haverá uma abordagem terapêutica diferente. Difere a
neurorreabilitação, tampão e até as orientações neuronutricionais, ainda vemos
as pessoas “tratando” a ambliopia como se fosse uma coisa só, com um único
regime de tampão e terapia visual igual para todas as ambliopias, e é por isso
que não se consegue resultados após os 9 anos.
Fonte: Manual Prático de Ambliopia. Leandro Rhein. Ed. All Print. 2013.
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